quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

7 questões sobre a Psicologia Tomista e suas respectivas respostas

 Escrito e publicado por Rhuan M. E. Honório, psicólogo clínico / rhuanhonorio.com.br 


Rhuan M. E. Honório


Há poucos meses, alguns questionamentos sobre a psicologia tomista foram enviados a um grupo de que faço parte. São dúvidas muito recorrentes, por isso valeria a pena publicar as respostas para ajudar outros que as compartilhem.

Não pretendo ser grosseiro com esta afirmação, mas algumas questões estão mal formuladas ou baseadas em princípios equivocados. No entanto, mantê-las-ei como foram enviadas, para que a publicação seja também uma oportunidade de esclarecer esses equívocos, que são comuns.

 

1) “Em que momento (sic) da obra de Santo Tomás é possível localizar uma psicologia nos mesmos termos da abordagem que vocês propõem?”

Resposta: primeiro, esclareço aqui o que é uma “abordagem terapêutica” e aqui quais são os termos da abordagem baseada em Santo Tomás que podemos propor. É fundamental que esteja ciente do que se expõe nesses dois artigos, para que não tenha uma noção equivocada de tais termos. Dito isso, respondo: os escritos que podem contribuir ou fundamentar a prática de um psicólogo estão em diversos tratados na obra de Santo Tomás.Na suma teológica, está o tratado “De homine” (ia pars, q. 75-102) para a psicologia; para a ética, as noções gerais no início da ia-iiae e o tratado das virtudes na iia-iiae; e assim por diante. Ainda haveria textos como as Questões disputadas sobre a alma, o De malo, entre outros. Todos esses textos tratam de assuntos que os psicólogos modernos também trataram (de modo distinto, claro), porque ter uma posição sobre tais assuntos é algo inseparável da atividade de um psicólogo. 

 

2) “O que há na obra de Santo Tomás que equivale a uma psicologia em sentido amplo?”

Resposta : a primeira resposta também vale para essa questão. Aproveito para insistir na recomendação de um texto que esclarece os termos de uma abordagem baseada em Santo Tomás: “O que é a Psicologia Tomista?”. Atente-se para a distinção, que está no texto, entre “psicologia” em sentido clássico e “psicologia” em sentido moderno.

 

3) “Quais são os indícios e os dados de pessoas curadas por essa abordagem, demonstrando assim (sic) a sua eficácia e aplicação?”

Resposta : em primeiro lugar, o que a psicologia tomista faz, como qualquer outra abordagem, são seus princípios filosóficos. A aplicação de qualquer “abordagem” terapêutica se dirige ao particular, que não pode ser posto em termos universais, o que seria necessário para a reunião de dados que comprovassem a eficácia de determinada abordagem. Sendo assim, não são os “dados” que demonstram a eficácia de uma abordagem terapêutica. A psicanálise não poderia se provar eficaz por ser baseada em Nietzsche; terapia-cognitivo comportamental não poderia se provar eficaz por ser baseada no positivismo; e assim por diante. O que se pode provar eficaz mediante os dados é a aplicação de uma determinada técnica em particular, como a dessensibilização sistemática, por exemplo. Mas está enganado quem pensa que a psicologia tomista rejeita a aplicação dessa ou de outras técnicas comprovadamente eficazes mediante os "dados". A psicologia tomista rejeita o tecnicismo, mas não rejeita nenhuma técnica que se prove eficaz para seus objetivos.

 

4) “Há distinção entre pecado e transtorno mental? Se sim, como vocês separam utilizando (sic) Santo Tomás? Se não, como lidar com o fenômeno da esquizofrenia, por exemplo, e de outros transtornos que não são efeitos dos pecados?”

Resposta: não são a mesma coisa. Pecado é uma transgressão da lei divina; transtorno mental é uma condição patológica, normalmente de causa orgânica nos casos mais graves (como na esquizofrenia, na depressão endógena, no transtorno bipolar, etc.), mas que também pode ter causas chamadas “noógenas” (como na depressão chamada noógena).

 

5) “Qual a definição de psicologia tomista?”

Resposta: “O que é a Psicologia Tomista?

 

6) “Como ela lida com as outras abordagens e as descobertas científicas?”

Resposta: a psicologia tomista não rejeita nenhuma verdadeira descoberta científica, pelo contrário, incorpora qualquer descoberta científica que contribua para os seus fins. É comum encontrar certas descobertas úteis, por exemplo, nas terapias cognitivo-comportamentais, que embora sejam insuficientes por si mesmas e tenham seus problemas de princípio, apresentam algumas práticas que podem ser utilizadas de acordo com outros princípios.

 

7) “O que a faz superior às outras abordagens?”

Resposta : o que a faz superior às outras abordagens é a verdade de seus princípios filosóficos. É impossível separar a atividade psicoterápica de uma série de decisões e avaliações que exigem boa doutrina filosófica, especialmente na ética e na antropologia. Em exemplos: inevitavelmente, chegará o momento em que a negação da alma influenciará certas decisões e certas recomendações de um psicólogo adepto de uma abordagem que ignore a alma humana, o que é o caso de quase todas as abordagens modernas; inevitavelmente, uma ética ruim levará a recomendações práticas imprudentes, que contrariem o fim de operar segundo a virtude; inevitavelmente, uma má ética levará à ignorância de possíveis relações de causalidade entre certas desordens e certas condutas viciosas; e assim por diante.



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